sexta-feira, 29 de julho de 2016

Oyá Bàgãn e Ògún


Oyá do mundo fúnebre, senhora das anomalias da cabeça, como também suas dores tanto que seus filhos devem cuidar muito bem da cabeça, para evitar AVC, isquemia ou outras doenças mentais e psicológicas. Por isso, está Oyá tem como simbologia máxima a cabeça sobre sua mão.

Suas eleitas, suas filhas, geralmente tem preferência por mulheres, raramente pega cabeça de homens, mas pode vir sim a ter filhos homens. Contudo, seus filhos são pessoas alegres, festivos, aguerridos, entretanto são mais limitados e reservados do que outros caminhos de Oyá e possuem muita coragem para coisas que outros teriam medo, assim como não recuam em seus objetivos.

Nesta fase, Oyá já se encontra no culto Lésse Egún e, por eles é adorada, portanto ela faz o papel de juíza no mundo dos mortos. Ela carrega, contudo, uma máscara, a qual ela usa para liderar o exercito de Egúns durante uma batalha, e pune os espíritos com seu èròèsìm (chicote), isso em caso de rebeldia e imprudência.

É um caminho que deve ser muito bem avaliado, muito bem apurado e muito bem estudado antes, durante e após a iniciação, pois qualquer ato equivocado trará serias consequências para o sacerdote que está efetivando a iniciação, como para o iniciado, assim como para a casa de Asé, uma vez que Bàgãn é detalhista e ciumenta em seus atos e fundamentos.
Bàgãn tem como propriedade a labareda, governa o discernimento humano, é a senhora dos abanos e dos potes, tem forte ligação com Esú, Odé Dana Dana e Ode Akueran, Bàrú, Omolú, Òsún e, principalmente, Ògún.

Entendam o por que neste Itàn:
Bàgãn e Ògún

Bàgãn chegou até Ògún e pediu a ele que para aprender a forjar, então o Orìsá olhou a moça e deu risada, porém ela não desistiu e todos os dias ficava o observando enquanto ele trabalhava. Ògún demorava um pouco para forjar, pois ele tinha que esquentar e resfriar o metal várias vezes, para que suas espadas e ferramentas ficassem fortes, foi então que Bàgãn vendo a dificuldade de Ògún sopra sobre seus materiais um vento gelado e, com isso, Ògún consegue mais rapidez no processo. Agradecido ele decide, então, ensinar tudo sobre o ferro a ela, tornando a sua companheira.

Certo dia, enquanto eles trabalhavam na forja, ouviram um barulho estranho e uma correria na cidade, todos se esconderam, pois era Bàbá Egún que vinha dançado e ostentando o seu poder, pois ele carregava Ikú, todos o temiam, não havia um só homem que desafiava Bàbá Egún.  

Oyá Bàgãn vendo aquilo perguntou a Ògún: “Porque todos correm quando ele passa?”
“Todos tem medo dele, pois ele é filho da morte e sua voz assusta até o mais corajoso dos homens. Eu não temo Bàbá Egún, porém tenho um enorme respeito por ele”, disse Ògún.

Oyá Bàgãn, então, sai obstinada no meio de toda aquela correria e começa a dançar com Bàbá Egún, ele apesar do seu poder se sentia sozinho, pois sempre visitava as pessoas nos momentos de despedida, de morte, viu-se encantado com aquela mulher, que dançava belamente e de forma contagiante e sem medo algum dele.


Foi assim Bàgãn conseguiu a confiança de Bàbá Egún e de todos na tribo, foi assim que ela passou a ser venerada pelos Egúns e se tornou a líder do exercito deles, foi assim que ela entrou no Culto Lésse Egún e venceu diversas batalhas.

Os nove Órùn de Oyá

Assim como Nanã e Obáluáìýê, Oyá também está ligada ao culto dos mortos, ao culto Lésse Egún. Porém, ao contrário deles, Oyá não determina a vida ou a morte, sua função limita-se em guia-los, conduzi-los, desde seu desprendimento do corpo até um dos nove Orùn, de acordo com as orientações e julgamento de Olòdùmáré. E, para assumir essa função, Oyá, segundo a mitologia Ìýòrùbá, após inúmeras tentativas, conquistou a confiança de Obáluáìýê, que, prontamente, lhe ensinou a lidar e comandar os Egún. Contudo, Oyá recebeu de Osòosí um Erukerê especial, chamado de Iruexim (feito de rabo de cavalo) e um pó vermelho chamado Àròlê, ambos têm o encantamento de se proteger desses espíritos, bem como comandá-los. Assim, Oyá encaminha os espíritos a um dos nove Orùn, que são:
Orùn Ìsòlù ou Àsàlù: Local de julgamento por Olòdùmáré para decidir qual dos respectivos Orùn o espírito será conduzido.
Orùn Alààfia: Espaço de muita paz e tranquilidade, reservado para pessoas de temperamento brando, natureza pacífica, pessoas bondosas e pacatas.
Orùn Funfun: Espaço para os inocentes, espíritos de crianças, local da pureza dos sentimentos e intenções.
Orùn Bàbá Ení: Espaço para os grandes sacerdotes e sacerdotisas, Bàbálòrìsás, Ìýálòrìsás, Ogans, Ekèdìýès, enfim, é o espaço para todos aqueles que possuem tempo e responsabilidade dentro do culto afro.
Orùn Afèfé: Local onde os espíritos tem a oportunidade de corrigir erros, onde eles têm a possibilidades de reencarnação, de volta ao Àìýê.
Orùn Àpáàdì: Reservado para espíritos impossíveis de ser reparados.
Orùn Rèrè: Espaço para aqueles que foram bons durante a vida.
Orùn Bùrùkú: Espaço ruim, Ìbònán, quente e ardente. Reservado para as pessoas más.
Orùn Márè: Espaço para aqueles que permanecem no Orùn, pois tem autoridade absoluta sobre tudo o que há no Orùn e no Àìýê. Esse Orùn é para as pessoas perfeitas, de reputação ilibada, para os supremos em qualidades e feitos. Reservado à Olòdùmáré e todos os Orixás e divindades.

A partir desse conhecimento, é possível, perceber a grande importância que Oyá representa em nossas vidas. Nota-se, também, que Oyá é um Orìsá fundamental para o equilíbrio espiritual, pois é ela quem domina o Eró Ikú (segredo da morte). Sendo assim, os caminhos de Oyá do culto Ìgbàlé, são as que exercem essas características, porém é importante esclarecer que todos os caminhos possuem poder sobre os Egún e Ikú, principalmente, Oyá Bàgãn, que, inclusive, é venerada por ele e comanda o exercito deles.


quinta-feira, 28 de julho de 2016

Osòosí, o Filho da Feiticeira


Das duzentas e uma Iyámì, três eram especiais, eram as três irmãs: Mèpèrè, Bòkòlo e Bàngbá.
Juntas elas fizeram o juramento de nunca engravidar, porém Bàngbá não cumpriu essa promessa e deu a luz, um de seus filhos era especial, ele era Osòtòkánsòsò, ou simplesmente o arqueiro de uma só flecha.
Bàngbá era a Iyámì da árvore jaqueira, era conhecida como Iyámì Apaoká.
Um dia o Oòní de Ifé Odùdùwá fez uma grande festa para celebrar a colheita de inhames novos e convidou a todos das aldeias vizinhas, para que todos celebrassem com ele a importante data.
Todos, menos as Iyámì, ele nem sequer deu oferendas para elas, ele excluiu completamente as Iyámì, ele, simplesmente, não se lembrou delas. Sendo assim, as duzentas e uma Iyámì se revoltaram!
Elas eram Elèyé, senhora dos pássaros e, decidiram, então, enviar um pássaro, para que ele destruísse o palácio de Odùdùwá. Portanto, elas ordenaram: “PÁSSARO ORÚRO DESTRUA IFÉ!”
E o pássaro Oruro pousou no telhado do palácio de Ifé, Odùdùwá ficou desesperado, pois o pássaro era monstruoso e gigantesco.
Odùdùwá convocou todos os arqueiros e prometeu que aquele que derrubasse o pássaro se casaria com sua filha e, que seria o próximo rei de Ifé.
Os melhores Odé tentaram, mas nenhum pode derrubar o pássaro Oruro, pois o pássaro era das  Iyámì, como nenhum conseguiu, decidiram então chamar Osòtòkánsòsò, filho de Apaoká, que até então não era um caçador muito famoso e não era bem visto pelas aldeias, contudo o que poucos sabiam e que ele tinha o poder de Iyámì, por ser filho de Apaoká,  por isso ele podia derrubar o pássaro.
Ao saber que o filho tinha sido chamado para confrontar o pássaro, Apaoká, então faz uma oferenda, buscando, assim a satisfação do deus maior e, para que o mesmo intervisse junto as Iyámì. Assim sendo, todas Iyámì foram a favor de Osòtòkánsòsò, que com uma flecha só matou o pássaro Oruro e livrou o reino de Ifé do perigo.
Todos gritavam: Osò Osí! (Osòosí significa "Oso é popular").
Assim como Odùdùwá, Oxóssi foi rei de Ifé e, acabou destronando Esú e se tornando Rei de Ketú e, permanece até hoje, inclusive, é conclamado por multidões até hoje.
Osòosí é o filho de Iyámì Apaoká, mas, às vezes, quando perguntamos a um sacerdote o nome da mãe de Osòosí, ele responde Ìýèmònjá, para que, assim, não precise pronunciar o nome terrível de Iyámì. Mas Osòosí é filho, sim, de Iyámì Bàngbá Ìggí Apaoká. Okê Arò! Odé kòkè!




quarta-feira, 27 de julho de 2016

Àìýrá Intilé

Intìlé é um título de Àýrá que se veste de branco e é ligado a Iyemonjá Sòbá e Òsún. Foi ele quem carregou Osàlufã nos ombros. É o filho rebelde de Obátálá. Àýrá Intìlé foi um filho muito difícil, causando dissabores a Obátálá.


Sàngó em busca de Aventuras


Sàngô um dia cansou-se da monotonia da corte e partiu em busca de novas aventuras. Logo, chegou a cidade de Irê, onde morava Ògún, nobre guerreiro, senhor da forja. Ògún vivia com Oyá, senhora dos ventos e das tempestades.
Sàngô, o grandioso, apreciava o trabalho de Ògún na forja e sempre arriscava olhar para a mulher, driblando a vigilância do ferreiro. Oyá, por sua vez encantava-se com o porte e a nobreza de Sàngô. Um dia, ela fugiu junto com ele para a cidade de Oyó.
Lá reinava o meio irmão de Sàngô, Dàdá Ajàká, que havia deixado Sàngô ajudar no comando do reino. Nas terras de Oyó, Sàngô fundou Kòsô, seu reino próprio, sendo chamado Obá Kòsô, Rei de Kòsô. Sendo assim, o reino de Dàdá expandiu-se por força de Sàngô.
Um dia Sàngô destronou seu irmão e, se tornou o senhor absoluto e o povo aclamava: "Kàbíýèsí Sàngô, Àláfín Oyó Àláýèlúwá! "Viva sua Majestade Sàngô, dono do Palácio de Oyó e Senhor da Terra”.
Sàngô ergueu seu palácio com esplendor, teve mulheres e muitos filhos e vivia sempre acompanhado de Oyá. Dentre as mulheres que se relacionou com Sàngô, encontra-se Òsún e Obá.

Mamãe Òsún



Òsún, minha mãe, que o reflexo do teu àbèbè devolva toda e qualquer maldade emanada por meus inimigos e, que o teu amor chegue até eles, adoçando, assim, seus corações, de modo que compreendam que o mal não prospera.
Òsún, minha mãe, tome conta de mim nos momentos de solidão, de tristeza, mostrando-me que não estou só, pois tenho o teu amor e companhia.
Òsún, minha mãe, não permita que os obstáculos da vida me derrubem, mas que me tornem ainda mais forte e sábio! E, que as tuas águas, adocem e cristalize o meu destino, para que eu tenha calma e paciência nessa estrada chamada vida, sendo próspero e feliz! Orê yèyé ô, Òsún!

Ebó e Candomblé









Sem èbó não há Candomblé, pois o èbó é fundamental para quem quer manter o equilíbrio vital na convivência religiosa!
Para quem estuda é importante ter esse entendimento, assim como para quem prática essa bela religião e vive para o Orìsá, para o sagrado. Sendo assim, o intuito do èbó é reequilibrar e restabelecer uma sintonia com o Àsé, com o próprio Orí, com o destino, ou seja, com a vida física-espiritual. Por isso, insistimos que toda à dinâmica do Candomblé, desde seu sistema a sua hierarquia, seja Ketú, Nagô, Jèjé, Ifá, etc. está centrada em torno do ebó, da oferenda.
Ademais, o èbó é a devolução que permite a multiplicação e o crescimento, logo, tudo aquilo que existe de forma individualizada deverá restituir tudo que o Esú Kàrìjèbó devorou. Portanto, cada indivíduo é acompanhado por um Esú individual, seu Esú... O mesmo que permite o nosso nascimento, desenvolvimento uterino e multiplicação, para que possamos cumprir nosso ciclo de existência. Ou seja, quando algo não vai bem, deveremos restituir nossas energias através de oferendas, os “alimentos sagrados do Àsé”, que é um processo de reequilíbrio vital.
Os iniciados no Orìsá tomam èbó sempre e para sempre, pois, manter-se limpo, é o mesmo que estar em sintonia com seu Orìsá, para concebê-los, para darmos ao nosso Orìsá um corpo limpo pra uma manifestação pura e enérgica.
Òrúnmìlá Òjó Ìkú dá, somente Òrúnmìlá muda o dia de nossa morte, com o èbó Ìkú.

Orín Òsún



A ri ide gbé o
Omi ro a! wàrá-wàrá omi ro O fi'de se'mo l'Òyó
Omi ro a! wàrá-wàrá omi ro O fi'de se'mo l'owo
Omi ro a! wàrá-wàrá omi ro O fi'de se'mo l'òrun


Òsun e lóolá imolè lóomi Òsun e lòolá
Ayaba imolè lòomi


Yèyé yé olóomi ó, yèyé yé, Olóomi ó
Ayaba balè Òsun Ayaba balè Òsun
Ìyá dò sìn máa gbè ìyá wa oro Ìyá dò sìn máa gbè ìyá wa oro
Igbá ìyawó igbá si Òsun ó réwà Igbá ìyawó igbá si Òsun ó réwà Àwá sin e ki igbá réwà Igbá ìyawó igbá si Òsun ó réwà



Bom dia! Vamos acordar e e agradecer por mais uma manhã.
E que terça-feira, Òsún nos ilumine e Ògún nos guie, nos livrando das maldades do mundo.

Òsàlúfã busca conselhos

Òsàlúfã foi consultar os adivinhos para saber como conduzir melhor sua vida. Logo, os velhos sábios, aconselharam ele a oferecer uma cabaça grande, cheia de sal e enrolada em um pano branco.
Fazendo isso, Òsálúfã não passaria no Àìýê e, teria uma vida perfeita e cheia de conquistas. Entretanto, Òsálúfã era muito teimoso, portanto, ele não deu a minima para os conselhos dos adivinhos e não cumpriu o recomendado.
Passo-se um tempo e, durante certa noite, Esú entrou em sua casatrazendo uma cabaça cheia da sal e a amarrou nas costas de Òsálúfã, que já estava no mais profundo sono.
Na manhã seguinte, Òsálúfã despertou e, desse dia em diante ficou corcunda e só andava encurvado, além disso ficou proibido o consumo de sal por parte dele.


Orín de Ìyèmónjá


Ìyèmónjá otô manjarê,
Ìyèmónjá otô manjarê re o,


Awa abo a yo Ìyèmónjá awa abo a yo,
Ìyèmónjá.
Lacoroba 
O coroba ni sabá


A xa we le, a xa we le odo fi o a xa we le, 
Kini jé kini jé olodo yemanjá o,
Ki a xoro pelee, iya odo iya odo.


Oferenda à Òsún e Òrúnmílá



Rorá Yeye ó, ofi de ri oman




Esú


Orìsá dos caminhos, cruzamentos e encruzilhadas, Orìsá dono do Ogó (pequeno cetro esculpido ou na forma do órgão masculino ou na forma de uma cabeça humana).

Orìsá do preto, vermelho, roxo e amarelo, Orìsá da segunda-feira, Orìsá do inicio, o primeiro.
Orìsá das forças emanadas do sexo, da multiplicação, do crescimento material e espiritual, Orìsá da comunicação.


Sonhos

Lendas antigas afirmam que nossos sonhos são, às vezes, lembranças do nosso passado e, às vezes visões do nosso futuro. Pois é, nosso Orìsá fala com a gente por sonho, fique atento, às vezes Ele trás lembranças do nosso passado para corrigimos para o futuro e, às vezes ele faz conexão com o nosso futuro para tomarmos certas decisões no presente que, certamente, afetará nosso futuro. Não duvide, pois quando é para revelar nosso Orúkó, é por sonho que nosso Orìsá faz isso.



Olojá, a iyábá que carrega o Sérè

Olojá é ligada a Olokun e Oduduwá e, como todas as divindades, Olojá tem varias histórias que explicam quem ela é. Conta-se, portanto, em uma dessas histórias, que Olojá veio do Orun com Oduduwá e que ao cair no mar ela acaba por se envolver com Babá Olokun e engravida de Aìýrá. 
Olojá é mencionada nos cultos de Òsúmáré e de Aìýrá. Ela é muito confundida com Iyémònjá. Olojá não é Olorí, ela não se manifesta ou incorpora nas pessoas.
Diz a lenda que Olojá teria muito apego a Aìýrá, e que o Aserê (Sérè) de Aìýrá ela carregaria, e, então se diz que ela é a única iyábá que pode girar o Sérè e invocar os Orìsá de guerra.
Olojá pode ser assentada sim, mas geralmente é cultuada no assentamento de Aìýrá.
No Brasil os Orìsá de culto duplo, tanto Nagô quanto Jeje, foram agrupados juntos e chamados orixás da palha, e então as pessoas passaram a crer que Òsúmáré é filho de Naná, e isso eliminou a presença de Olojá do culto de seu filho Òsúmáré. Vale lembrar que toda essa família da palha é uma mistura de tradições, mas que é possível cultuar os Orixás em sua individualidade sem esses agrupamentos.
Olojá é uma iyabá muito importante, é Funfun e muito velha, deve ser lembrada e cultuada.
Òsùmàrè transforma-se em cobra para escapar do desejo de Sàngó:
Orisá do arco-íris e da transformação. É responsável pelas adivinhações, grande feiticeiro, babalawo e curador... Tem dupla representação, hora como arco-íris, hora como Aíydã (serpente). Traz nas mãos duas cobras de metal amarelado ou branco, representa o lado masculino e feminino, dependendo do caminho.
Òsùmàrè era um rapaz muito bonito e invejado, suas roupas tinhas todas as cores do arco-íris e suas jóias de ouro e bronze faiscavam de longe o olhar de todos. Todos queriam se aproximar dele, mulheres e homens, todos queriam seduzi-lo e com ele se casar. Mas Òsùmàrè era muito contido e solitário, preferia andar sozinho... sendo assim, certa vez Sàngó viu Òsùmàrè passar, com todas as cores de seu traje e todo brilho de seus metais e joias, Sàngó conhecia a fama de Òsùmàrè de não deixar ninguém dele se aproximar, preparou então uma armadilha para captura-lo. Mandou chamá-lo para uma audiência em seu palácio e, quando Òsùmàrè entrou na sala do trono, os soldados de Sàngó fecharam as portas e janelas, aprisionando Òsùmàrè junto com Sàngó.
Òsùmàrè ficou desesperado e tentou fugir, mas todas as saídas estavam trancadas pelo lado de fora. Sàngó tentava tomar Òsùmàrè nos braços e Òsùmàrè escapava, correndo de um canto para outro. Não vendo como se livrar, Òsùmàrè suplicou ajuda a Olorun e Olorun ouviu sua súplica. No momento em que Sàngó imobilizava Òsùmàrè, ele foi transformado numa cobra, que Sàngó largou com nojo e medo. A cobra deslizou pelo chão em movimentos rápidos e sinuosos e fugiu por uma pequena fresta entre a porta e o chão da sala e foi por ali que escapou. Assim ele, Òsùmàrè, se livrou do assédio de Sàngó, quando Òsùmàrè e Sàngó foram feitos orixás, Òsùmàrè foi encarregado de levar água da Terra para o palácio de Sàngó no Orun, mas Sàngó não pode nunca mais aproximar-se de Òsùmàrè.
Arôbóbòyí!



Obìwá Nanã

O mais velho Orìsá, ela foi esposa de Ògún, porém, mais tarde, tornou-se sua pior inimiga.
Nanã é a mãe do povo Nagô e do povo Fon. É Orìsá que tem dois lados, por um lado ela é muito bela, do outro é assombrosa.
De Nanã devemos desejar coisas boas, saúde e que ela só mostre sua boa face. Nanã é Orìsá que não precisa de metal e não gosta de sangue derramado. Pescoços destroncados, assim se fará o Alimento de Nanã.
A Iyábá que vem para as moça. No entanto, é com os pés fincados na lama que ela gosta de ficar, com duas serpentes enroladas em si, uma verde e uma vermelha.
Èpá Nanã, mãe do guerreiro!
Nanã é Orìsá necessário para a vida.

Obìwá Nanã! Nascemos de ti.


Òsún Àjágúrá

Òsún Àjágúrá, a guerreira esposa de Agànjú.

Àjágúrá, ou melhor, Àjágún Wúrá, significa "Guerreira Dourada" e, faz menção ao presente que ganhou de Ògún, uma espada dourada.
Àjágúrá nasce nos Òdú Òsé e Òbàrá. Contudo, ela não usa Adê, pois tem rejeição a coroa e filá, logo, ela usa um Elmo de guerra como o Akorô. 
Seu culto se dá em em rios e lagos de água escura, ela está ligada aos pássaros sagrados.
Conta-se, que Opará é a esposa guerreira de Ògún e Àjágúrá é a esposa guerreira de Aganjú, sendo filha de Iyémònjá e Orúnmìlá.
Àjágúrá é ciumenta e, por isso, tem inimizade com Oyá, que é esposa de Sàngó.
Essa qualidade de Òsún come com Sàngó Aganjú, Aìýrá, Osàìýn, Iyémònjá , Opará, Ògún e Esú. Ela se veste de salmão, vermelho, azul marinho e branco, seus metais são dourados. Dança Ijesá como todos os outros caminhos de Òsún, mas, também, dança Adahun, Alujá e os ritmos quentes dos guerreiros.


Yèyè Okê - A Mãe da Montanha

Yèyè Okê é irmã de Òsún, filha de Olòkê. Yèyè  Okê é senhora das corujas, é a íyábá que tem uma das cabaças que Orúnmìlá deu para as Ìyámí.
Yèyè Okê é filha do Rei, Orìsá que não desce a montanha. 
Às vezes, Yèyè Kàré faz companhia a ela, ambas são fieis companheiras, Odé é seu aliado. Foi Yèyè Okê que terminou de criar os irmãos Kàré.
Yèyè Okê é a mulher que se esconde do sol e se expõe a lua, nada ela teme.
Olokun é a sua avó, Iyémònjá sua mãe. Okê não tem inimigos, os que se levantam contra ela, rapidamente deixam esse mundo.
Ela é a Iyábá que se enfeita com o ouro de sua irmã mais velha. Yèyè Okê não se deita no chão, como um pássaro ela se entrelaça nos galhos das árvores, ora da Araticuna, ora da Gameleira, ora da Copaíba.
Iyábá que não gosta de ser perturbada, o silêncio é sua paz. Yèyè Okê não empunha o Ofá sem necessidade, mas quando o faz não erra o alvo.
Orìsá raro que tem poucos filhos, come com Ògún e Odé. 
Ore Yèyè Orìsá da montanha, Ora Yè yè ô Òsún, Yè yè Okê.


Asàbó

Sabemos que o culto de Sàngó é rodeado de Deidades femininas. 
Deidade não é Orixá, é um ancestral cultuado em assentamento apenas.
Temos diversos exemplos, como a avó de Sàngó Iyá Làkànjè, a mãe de Sàngó Iyá Màsèmàlè, a tia de Sàngó Iyá Asàbó, a mãe de Ayrá Iyá Olòjá, dentre tantas outras.

Ìyá Ogúnté

Jamais se esqueçam da mulher que carrega espada e escudo, jamais se esqueçam da irmã mais velha de Ìyèmònjá. Mas, afinal, quem é ela?
É Ògúnté ou Ogúnásómí Ògúnté, simplesmente. Ela foi o amor de Ògún, foi o amor de Ayê, foi o amor de Omòlú, foi o amor de Osògìýán e foi o amor de Odé. É Ìyabá mãe de Ogunjá e sua irmã Ìyèmònjá não a perde de vista, assim como não perde de vista suas outras irmãs: Anabí e Torô,.
Ela come em uma panela de ferro e adora dendê.
Tal como Ògún ela é Ògúnté... Quem pode se comparar a Ògúnté? Ela é a água que esfria o ferro na forja, ela é Orìsá valente, luta pelo que quer e não para até conquistar.
Ela é forte o bastante para suspender a bigorna, tanto é que Ogúnásómí Ogúnté vem para a Guerra... Ògúnté de um lado e Ìyèmònjá Malelewo do outro, elas são guerreiras, Ogúnté com a espada, Malelewo com Ofá. As guerreiras do Rio, são as guerreiras do mar, são Orìsá Nagô.
Ògúnté come com Ògún, Osóssí e Sàngó, assim como tem ligação com Omòlú.


O nascimento dos gêmeos da Aldeia de Kàré

Os irmãos Kàré  filhos de Iýèmònjá Asèsún, que foi a mais bela das passagens de Iýèmònjá sobre o Àìýé.
Iýèmònjá era namoradeira, por isso se engraçava com os pescadores, porém eles ao entrar no mar morriam afogados. Ela vivia com sua mãe Olòkún, mas não tinha marido e se sentia só.
O espírito do Rio Erìnlé era um Orìsá, era o espírito de um caçador e pescador chamado Ìnlé, Odé da cidade de Ilobú. 
Ìnlé, certa vez saiu do rio e foi pescar no mar, nas águas ele esbanjava beleza, seus longos braços remavam contra a maré, sua pele negra brilhava a luz do sol. Iýèmònjá, por sua vez, estava na beira da praia observando o Orìsá das águas doces se aventurando em seu mar.
Como era belo o pescador Ìnlé... Ìnlé então se aproximou de Iýèmònjá e viu como era linda a Ìýábá. Iýá Asèsún era negra como uma pérola, suas longas tranças quase tocavam o solo e o corpo sinuoso. Foi amor imediato, Ìnlé se casou com Iýèmònjá.
Iýèmònjá e Ìnlé viveram no mar e ela engravidou de gêmeos, um casal... Os príncipes da água! Porém Iýèmònjá e Ìnlé vieram a se separar, não queriam mais viver juntos, foi ai que Ìnlé levou o menino para o Rio Erìnlé, a menina ficou no mar com a mãe.
Um dia o menino sentiu falta da irmã, assim como ela também sentiu falta do irmão, ambos fugiram dos seus lares, o caminho, entre o rio e o mar, era longo, porém no meio do caminho eles se encontraram. E, ali no meio do caminho permaneceram, fundaram a Aldeia Kàré, a Aldeia dos filhos de Iýèmònjá e Ìnlé, os Gêmeos Kàré.
O menino cresceu e  tornou-se um homem, passou a ser chamado de Caçador "Odé Kàré", a menina  revelou-se Avatar de Òsún e, passou a ser chamada de pescadora "Yèyè Kàré".
Os filhos de Iýèmònjá sempre tem boa sorte, os filhos de Ìnlé sempre são graciosos e os que nascem para os Gêmeos Kàré, sempre são abençoados.
Àsé Mòjùbá!

 

Barú, o Sàngó que não come Amalá.

Sàngó Bàrú, também é chamado de Ìgbàrú ou Òbà Bàrú, é o Grande e magnânimo Rei de Oyó, marido de Oyá. Representa o lado guerreiro, conquistador, o aspecto da liberdade real e potencial bélico e, por ser General dos Exércitos do Òbà ele possui, assim como Àìyrá, o Titulo de Òbà Kànkànfò. É ligado ao elemento fogo, inclusive, ele  cospe fogo e roda Àgèrè. Vale lembrar, também, que um itan, fala que Bàrú, durante um acesso de fúria, incendiou metade de seu reino, e daí surgiu a sua fama de Bárbaro e Cruel.
Òbà Bàrú detesta injustiça e defende os certos, não tolera erros, se livra de todos seus inimigos de uma vez só, para que eles não voltem a cometer o mesmo erro.
É considerado um caminho de Sàngó extremamente raro, jovem, quente, impulsivo, intimamente ligado à Ògún Mèjè e a Esú. Responde, portanto, nos Òdú: 12 (Ejìlásèbòrá), 1 (Okànrán), 6 (Obàrá), 11 (Owárìn), 3 (Etáogúndá), todos esses Òdú tem ligação com Sàngó, Esú, Ògún, Oyá e Odé.
Òbà Bàrú abdicou da coroa para se tornar um cavaleiro, por isso ele não usa capacete e carrega apenas um Oxê normal e um outro com a ponta de foice.
Não come amalá nem quiabo, alimentos estes que são ewó (quizila), mas recebe todas as outras comidas consagradas à Sàngó, ele também carrega as outras quizilas de Sàngó como a morte, sujeira, esmola, tecidos de ráfia e juta, entre outros.
Seus animais prediletos são: cabrito, jabutí, galo de briga, etun e um em especial: o gavião.

Está ligado a Iýemònjá em Tapá, Esú, Ògún Mèjè, Oyá Topé e Òsún.
.
Itan de Òbà Bàrú:
Sàngó governava com rigor a cidade de Oyó e suas redondezas, era chamado de Jacutá, o atirador de Pedras. Contudo, ele era muito prestigiado em seu Reino e em Reinos vizinhos, mas desejava algo a mais para instigar medo nos corações dos homens. Para isso, Bàrú convocou os maiores feiticeiros de Oyó e lhes pediu que inventassem novas fórmulas para aumentar seu poder. Sàngó não ficou satisfeito com o trabalho dos feiticeiros e pediu ajuda a Esú.
Esú aceitou a tarefa, pediu uma cabra como sacrifício e ordenou que, dentro de sete dias, Oyá fosse buscar o preparado. Logo, quando chegou o dia combinado, lá foi Oyá à casa de Esú e, chegando lá, ela saudou Esú e disse que o sacrifício estava a caminho, o preparado estava embrulhado numa folha Oyá pegou o pacote e partiu de volta ao seu Reino.
No caminho, Oyá parou para descansar e não contendo a sua curiosidade, desembrulhou o pacote para ver o que tinha dentro, havia apenas um pó vermelho e ela pôs um pouquinho na boca para experimentar. Oyá, então pensou, não é bom e nem ruim, tem apenas um gosto diferente. 
Oyá fechou novamente o pacote e partiu em direção a Oyó, chegando na cidade deu o preparo a Sàngó, que perguntou: Que instruções Esú te deu? Como o preparo deve ser usado?
Quando ela começou a falar, saiu fogo de sua boca, Òbà Bàrú percebeu, então, que Oyá tinha provado o preparo e ficou irado, logo tentou bater em Oyá, mas ela fugiu do  Palácio com Sàngó a perseguindo. 
Oyá foi então, para um lugar onde carneiros pastavam, escondeu-se entre os carneiros, pensando que Sàngó não a encontraria. Mas a ira de Sàngó era grande, ele arremessava suas Odun Ará, as pedras de raio em todas as direções, arremessou, inclusive, entre os carneiros, matando-os. Porém, Oyá ficou escondida embaixo dos carneiros mortos e, assim, Sàngó não pode encontrá-la.
Sàngó voltou para seu Palácio e lá, muitas pessoas estavam reunidas, clamando que Sàngó perdoasse Oyá, foi ai que a raiva dele abrandou-se e, logo, ele mandou seus súditos procurar Oyá e trazê-la para casa, pois ele ainda não sabia como usar o preparado.
Quando anoiteceu, ele pegou o pacote dado por Esú e foi no lugar mais alto de Oyó, onde ele podia ver toda a cidade, colocou um pouco do pó vermelho na língua e, quando expirou o ar dos pulmões, uma enorme labareda de fogo jorrou de sua boca, depois outra, e mais outra, não parava mais. As chamas se estenderam sobre toda a cidade, sobre os telhados de palha das casas de seus súditos e também as dependências do palácio real, foi inevitável, um grande incêndio tomou conta de Oyó, tudo foi consumido pelo fogo até as cinzas. Oyó foi destruída e teve que ser reconstruída e, logo depois da cidade ressurgir das cinzas, Sàngó continuou a governá-la.
Em tempos de guerra, ou quando as coisas desagradam Bàrú, ele arremessa as pedras de raio e o fogo de sua boca, queimando, assim, todos seus desafetos e destruindo tudo o que ver pela frente.
Os Carneiros que morreram protegendo Oyá das pedras de raio de Sàngó não foram esquecidos, tanto é que os filhos e devotos de Oyá não comem a carne e não usam nada que origine do carneiro. 
Barú come junto com Esú, Ògún, Oyá, Òsún e Iýèmònjá, ele roda o àgèrè... Kàô Kàbìècìlé!!!



"Sàngó je igba orógbó lóojó Orógbó lóbì bàbá mi"
"Sàngó come 200 orógbó por dia Orógbó é o obì do meu pai"