quarta-feira, 27 de julho de 2016

Barú, o Sàngó que não come Amalá.

Sàngó Bàrú, também é chamado de Ìgbàrú ou Òbà Bàrú, é o Grande e magnânimo Rei de Oyó, marido de Oyá. Representa o lado guerreiro, conquistador, o aspecto da liberdade real e potencial bélico e, por ser General dos Exércitos do Òbà ele possui, assim como Àìyrá, o Titulo de Òbà Kànkànfò. É ligado ao elemento fogo, inclusive, ele  cospe fogo e roda Àgèrè. Vale lembrar, também, que um itan, fala que Bàrú, durante um acesso de fúria, incendiou metade de seu reino, e daí surgiu a sua fama de Bárbaro e Cruel.
Òbà Bàrú detesta injustiça e defende os certos, não tolera erros, se livra de todos seus inimigos de uma vez só, para que eles não voltem a cometer o mesmo erro.
É considerado um caminho de Sàngó extremamente raro, jovem, quente, impulsivo, intimamente ligado à Ògún Mèjè e a Esú. Responde, portanto, nos Òdú: 12 (Ejìlásèbòrá), 1 (Okànrán), 6 (Obàrá), 11 (Owárìn), 3 (Etáogúndá), todos esses Òdú tem ligação com Sàngó, Esú, Ògún, Oyá e Odé.
Òbà Bàrú abdicou da coroa para se tornar um cavaleiro, por isso ele não usa capacete e carrega apenas um Oxê normal e um outro com a ponta de foice.
Não come amalá nem quiabo, alimentos estes que são ewó (quizila), mas recebe todas as outras comidas consagradas à Sàngó, ele também carrega as outras quizilas de Sàngó como a morte, sujeira, esmola, tecidos de ráfia e juta, entre outros.
Seus animais prediletos são: cabrito, jabutí, galo de briga, etun e um em especial: o gavião.

Está ligado a Iýemònjá em Tapá, Esú, Ògún Mèjè, Oyá Topé e Òsún.
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Itan de Òbà Bàrú:
Sàngó governava com rigor a cidade de Oyó e suas redondezas, era chamado de Jacutá, o atirador de Pedras. Contudo, ele era muito prestigiado em seu Reino e em Reinos vizinhos, mas desejava algo a mais para instigar medo nos corações dos homens. Para isso, Bàrú convocou os maiores feiticeiros de Oyó e lhes pediu que inventassem novas fórmulas para aumentar seu poder. Sàngó não ficou satisfeito com o trabalho dos feiticeiros e pediu ajuda a Esú.
Esú aceitou a tarefa, pediu uma cabra como sacrifício e ordenou que, dentro de sete dias, Oyá fosse buscar o preparado. Logo, quando chegou o dia combinado, lá foi Oyá à casa de Esú e, chegando lá, ela saudou Esú e disse que o sacrifício estava a caminho, o preparado estava embrulhado numa folha Oyá pegou o pacote e partiu de volta ao seu Reino.
No caminho, Oyá parou para descansar e não contendo a sua curiosidade, desembrulhou o pacote para ver o que tinha dentro, havia apenas um pó vermelho e ela pôs um pouquinho na boca para experimentar. Oyá, então pensou, não é bom e nem ruim, tem apenas um gosto diferente. 
Oyá fechou novamente o pacote e partiu em direção a Oyó, chegando na cidade deu o preparo a Sàngó, que perguntou: Que instruções Esú te deu? Como o preparo deve ser usado?
Quando ela começou a falar, saiu fogo de sua boca, Òbà Bàrú percebeu, então, que Oyá tinha provado o preparo e ficou irado, logo tentou bater em Oyá, mas ela fugiu do  Palácio com Sàngó a perseguindo. 
Oyá foi então, para um lugar onde carneiros pastavam, escondeu-se entre os carneiros, pensando que Sàngó não a encontraria. Mas a ira de Sàngó era grande, ele arremessava suas Odun Ará, as pedras de raio em todas as direções, arremessou, inclusive, entre os carneiros, matando-os. Porém, Oyá ficou escondida embaixo dos carneiros mortos e, assim, Sàngó não pode encontrá-la.
Sàngó voltou para seu Palácio e lá, muitas pessoas estavam reunidas, clamando que Sàngó perdoasse Oyá, foi ai que a raiva dele abrandou-se e, logo, ele mandou seus súditos procurar Oyá e trazê-la para casa, pois ele ainda não sabia como usar o preparado.
Quando anoiteceu, ele pegou o pacote dado por Esú e foi no lugar mais alto de Oyó, onde ele podia ver toda a cidade, colocou um pouco do pó vermelho na língua e, quando expirou o ar dos pulmões, uma enorme labareda de fogo jorrou de sua boca, depois outra, e mais outra, não parava mais. As chamas se estenderam sobre toda a cidade, sobre os telhados de palha das casas de seus súditos e também as dependências do palácio real, foi inevitável, um grande incêndio tomou conta de Oyó, tudo foi consumido pelo fogo até as cinzas. Oyó foi destruída e teve que ser reconstruída e, logo depois da cidade ressurgir das cinzas, Sàngó continuou a governá-la.
Em tempos de guerra, ou quando as coisas desagradam Bàrú, ele arremessa as pedras de raio e o fogo de sua boca, queimando, assim, todos seus desafetos e destruindo tudo o que ver pela frente.
Os Carneiros que morreram protegendo Oyá das pedras de raio de Sàngó não foram esquecidos, tanto é que os filhos e devotos de Oyá não comem a carne e não usam nada que origine do carneiro. 
Barú come junto com Esú, Ògún, Oyá, Òsún e Iýèmònjá, ele roda o àgèrè... Kàô Kàbìècìlé!!!



"Sàngó je igba orógbó lóojó Orógbó lóbì bàbá mi"
"Sàngó come 200 orógbó por dia Orógbó é o obì do meu pai"

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