sexta-feira, 29 de julho de 2016

Oyá Bàgãn e Ògún


Oyá do mundo fúnebre, senhora das anomalias da cabeça, como também suas dores tanto que seus filhos devem cuidar muito bem da cabeça, para evitar AVC, isquemia ou outras doenças mentais e psicológicas. Por isso, está Oyá tem como simbologia máxima a cabeça sobre sua mão.

Suas eleitas, suas filhas, geralmente tem preferência por mulheres, raramente pega cabeça de homens, mas pode vir sim a ter filhos homens. Contudo, seus filhos são pessoas alegres, festivos, aguerridos, entretanto são mais limitados e reservados do que outros caminhos de Oyá e possuem muita coragem para coisas que outros teriam medo, assim como não recuam em seus objetivos.

Nesta fase, Oyá já se encontra no culto Lésse Egún e, por eles é adorada, portanto ela faz o papel de juíza no mundo dos mortos. Ela carrega, contudo, uma máscara, a qual ela usa para liderar o exercito de Egúns durante uma batalha, e pune os espíritos com seu èròèsìm (chicote), isso em caso de rebeldia e imprudência.

É um caminho que deve ser muito bem avaliado, muito bem apurado e muito bem estudado antes, durante e após a iniciação, pois qualquer ato equivocado trará serias consequências para o sacerdote que está efetivando a iniciação, como para o iniciado, assim como para a casa de Asé, uma vez que Bàgãn é detalhista e ciumenta em seus atos e fundamentos.
Bàgãn tem como propriedade a labareda, governa o discernimento humano, é a senhora dos abanos e dos potes, tem forte ligação com Esú, Odé Dana Dana e Ode Akueran, Bàrú, Omolú, Òsún e, principalmente, Ògún.

Entendam o por que neste Itàn:
Bàgãn e Ògún

Bàgãn chegou até Ògún e pediu a ele que para aprender a forjar, então o Orìsá olhou a moça e deu risada, porém ela não desistiu e todos os dias ficava o observando enquanto ele trabalhava. Ògún demorava um pouco para forjar, pois ele tinha que esquentar e resfriar o metal várias vezes, para que suas espadas e ferramentas ficassem fortes, foi então que Bàgãn vendo a dificuldade de Ògún sopra sobre seus materiais um vento gelado e, com isso, Ògún consegue mais rapidez no processo. Agradecido ele decide, então, ensinar tudo sobre o ferro a ela, tornando a sua companheira.

Certo dia, enquanto eles trabalhavam na forja, ouviram um barulho estranho e uma correria na cidade, todos se esconderam, pois era Bàbá Egún que vinha dançado e ostentando o seu poder, pois ele carregava Ikú, todos o temiam, não havia um só homem que desafiava Bàbá Egún.  

Oyá Bàgãn vendo aquilo perguntou a Ògún: “Porque todos correm quando ele passa?”
“Todos tem medo dele, pois ele é filho da morte e sua voz assusta até o mais corajoso dos homens. Eu não temo Bàbá Egún, porém tenho um enorme respeito por ele”, disse Ògún.

Oyá Bàgãn, então, sai obstinada no meio de toda aquela correria e começa a dançar com Bàbá Egún, ele apesar do seu poder se sentia sozinho, pois sempre visitava as pessoas nos momentos de despedida, de morte, viu-se encantado com aquela mulher, que dançava belamente e de forma contagiante e sem medo algum dele.


Foi assim Bàgãn conseguiu a confiança de Bàbá Egún e de todos na tribo, foi assim que ela passou a ser venerada pelos Egúns e se tornou a líder do exercito deles, foi assim que ela entrou no Culto Lésse Egún e venceu diversas batalhas.

Os nove Órùn de Oyá

Assim como Nanã e Obáluáìýê, Oyá também está ligada ao culto dos mortos, ao culto Lésse Egún. Porém, ao contrário deles, Oyá não determina a vida ou a morte, sua função limita-se em guia-los, conduzi-los, desde seu desprendimento do corpo até um dos nove Orùn, de acordo com as orientações e julgamento de Olòdùmáré. E, para assumir essa função, Oyá, segundo a mitologia Ìýòrùbá, após inúmeras tentativas, conquistou a confiança de Obáluáìýê, que, prontamente, lhe ensinou a lidar e comandar os Egún. Contudo, Oyá recebeu de Osòosí um Erukerê especial, chamado de Iruexim (feito de rabo de cavalo) e um pó vermelho chamado Àròlê, ambos têm o encantamento de se proteger desses espíritos, bem como comandá-los. Assim, Oyá encaminha os espíritos a um dos nove Orùn, que são:
Orùn Ìsòlù ou Àsàlù: Local de julgamento por Olòdùmáré para decidir qual dos respectivos Orùn o espírito será conduzido.
Orùn Alààfia: Espaço de muita paz e tranquilidade, reservado para pessoas de temperamento brando, natureza pacífica, pessoas bondosas e pacatas.
Orùn Funfun: Espaço para os inocentes, espíritos de crianças, local da pureza dos sentimentos e intenções.
Orùn Bàbá Ení: Espaço para os grandes sacerdotes e sacerdotisas, Bàbálòrìsás, Ìýálòrìsás, Ogans, Ekèdìýès, enfim, é o espaço para todos aqueles que possuem tempo e responsabilidade dentro do culto afro.
Orùn Afèfé: Local onde os espíritos tem a oportunidade de corrigir erros, onde eles têm a possibilidades de reencarnação, de volta ao Àìýê.
Orùn Àpáàdì: Reservado para espíritos impossíveis de ser reparados.
Orùn Rèrè: Espaço para aqueles que foram bons durante a vida.
Orùn Bùrùkú: Espaço ruim, Ìbònán, quente e ardente. Reservado para as pessoas más.
Orùn Márè: Espaço para aqueles que permanecem no Orùn, pois tem autoridade absoluta sobre tudo o que há no Orùn e no Àìýê. Esse Orùn é para as pessoas perfeitas, de reputação ilibada, para os supremos em qualidades e feitos. Reservado à Olòdùmáré e todos os Orixás e divindades.

A partir desse conhecimento, é possível, perceber a grande importância que Oyá representa em nossas vidas. Nota-se, também, que Oyá é um Orìsá fundamental para o equilíbrio espiritual, pois é ela quem domina o Eró Ikú (segredo da morte). Sendo assim, os caminhos de Oyá do culto Ìgbàlé, são as que exercem essas características, porém é importante esclarecer que todos os caminhos possuem poder sobre os Egún e Ikú, principalmente, Oyá Bàgãn, que, inclusive, é venerada por ele e comanda o exercito deles.


quinta-feira, 28 de julho de 2016

Osòosí, o Filho da Feiticeira


Das duzentas e uma Iyámì, três eram especiais, eram as três irmãs: Mèpèrè, Bòkòlo e Bàngbá.
Juntas elas fizeram o juramento de nunca engravidar, porém Bàngbá não cumpriu essa promessa e deu a luz, um de seus filhos era especial, ele era Osòtòkánsòsò, ou simplesmente o arqueiro de uma só flecha.
Bàngbá era a Iyámì da árvore jaqueira, era conhecida como Iyámì Apaoká.
Um dia o Oòní de Ifé Odùdùwá fez uma grande festa para celebrar a colheita de inhames novos e convidou a todos das aldeias vizinhas, para que todos celebrassem com ele a importante data.
Todos, menos as Iyámì, ele nem sequer deu oferendas para elas, ele excluiu completamente as Iyámì, ele, simplesmente, não se lembrou delas. Sendo assim, as duzentas e uma Iyámì se revoltaram!
Elas eram Elèyé, senhora dos pássaros e, decidiram, então, enviar um pássaro, para que ele destruísse o palácio de Odùdùwá. Portanto, elas ordenaram: “PÁSSARO ORÚRO DESTRUA IFÉ!”
E o pássaro Oruro pousou no telhado do palácio de Ifé, Odùdùwá ficou desesperado, pois o pássaro era monstruoso e gigantesco.
Odùdùwá convocou todos os arqueiros e prometeu que aquele que derrubasse o pássaro se casaria com sua filha e, que seria o próximo rei de Ifé.
Os melhores Odé tentaram, mas nenhum pode derrubar o pássaro Oruro, pois o pássaro era das  Iyámì, como nenhum conseguiu, decidiram então chamar Osòtòkánsòsò, filho de Apaoká, que até então não era um caçador muito famoso e não era bem visto pelas aldeias, contudo o que poucos sabiam e que ele tinha o poder de Iyámì, por ser filho de Apaoká,  por isso ele podia derrubar o pássaro.
Ao saber que o filho tinha sido chamado para confrontar o pássaro, Apaoká, então faz uma oferenda, buscando, assim a satisfação do deus maior e, para que o mesmo intervisse junto as Iyámì. Assim sendo, todas Iyámì foram a favor de Osòtòkánsòsò, que com uma flecha só matou o pássaro Oruro e livrou o reino de Ifé do perigo.
Todos gritavam: Osò Osí! (Osòosí significa "Oso é popular").
Assim como Odùdùwá, Oxóssi foi rei de Ifé e, acabou destronando Esú e se tornando Rei de Ketú e, permanece até hoje, inclusive, é conclamado por multidões até hoje.
Osòosí é o filho de Iyámì Apaoká, mas, às vezes, quando perguntamos a um sacerdote o nome da mãe de Osòosí, ele responde Ìýèmònjá, para que, assim, não precise pronunciar o nome terrível de Iyámì. Mas Osòosí é filho, sim, de Iyámì Bàngbá Ìggí Apaoká. Okê Arò! Odé kòkè!




quarta-feira, 27 de julho de 2016

Àìýrá Intilé

Intìlé é um título de Àýrá que se veste de branco e é ligado a Iyemonjá Sòbá e Òsún. Foi ele quem carregou Osàlufã nos ombros. É o filho rebelde de Obátálá. Àýrá Intìlé foi um filho muito difícil, causando dissabores a Obátálá.


Sàngó em busca de Aventuras


Sàngô um dia cansou-se da monotonia da corte e partiu em busca de novas aventuras. Logo, chegou a cidade de Irê, onde morava Ògún, nobre guerreiro, senhor da forja. Ògún vivia com Oyá, senhora dos ventos e das tempestades.
Sàngô, o grandioso, apreciava o trabalho de Ògún na forja e sempre arriscava olhar para a mulher, driblando a vigilância do ferreiro. Oyá, por sua vez encantava-se com o porte e a nobreza de Sàngô. Um dia, ela fugiu junto com ele para a cidade de Oyó.
Lá reinava o meio irmão de Sàngô, Dàdá Ajàká, que havia deixado Sàngô ajudar no comando do reino. Nas terras de Oyó, Sàngô fundou Kòsô, seu reino próprio, sendo chamado Obá Kòsô, Rei de Kòsô. Sendo assim, o reino de Dàdá expandiu-se por força de Sàngô.
Um dia Sàngô destronou seu irmão e, se tornou o senhor absoluto e o povo aclamava: "Kàbíýèsí Sàngô, Àláfín Oyó Àláýèlúwá! "Viva sua Majestade Sàngô, dono do Palácio de Oyó e Senhor da Terra”.
Sàngô ergueu seu palácio com esplendor, teve mulheres e muitos filhos e vivia sempre acompanhado de Oyá. Dentre as mulheres que se relacionou com Sàngô, encontra-se Òsún e Obá.

Mamãe Òsún



Òsún, minha mãe, que o reflexo do teu àbèbè devolva toda e qualquer maldade emanada por meus inimigos e, que o teu amor chegue até eles, adoçando, assim, seus corações, de modo que compreendam que o mal não prospera.
Òsún, minha mãe, tome conta de mim nos momentos de solidão, de tristeza, mostrando-me que não estou só, pois tenho o teu amor e companhia.
Òsún, minha mãe, não permita que os obstáculos da vida me derrubem, mas que me tornem ainda mais forte e sábio! E, que as tuas águas, adocem e cristalize o meu destino, para que eu tenha calma e paciência nessa estrada chamada vida, sendo próspero e feliz! Orê yèyé ô, Òsún!

Ebó e Candomblé









Sem èbó não há Candomblé, pois o èbó é fundamental para quem quer manter o equilíbrio vital na convivência religiosa!
Para quem estuda é importante ter esse entendimento, assim como para quem prática essa bela religião e vive para o Orìsá, para o sagrado. Sendo assim, o intuito do èbó é reequilibrar e restabelecer uma sintonia com o Àsé, com o próprio Orí, com o destino, ou seja, com a vida física-espiritual. Por isso, insistimos que toda à dinâmica do Candomblé, desde seu sistema a sua hierarquia, seja Ketú, Nagô, Jèjé, Ifá, etc. está centrada em torno do ebó, da oferenda.
Ademais, o èbó é a devolução que permite a multiplicação e o crescimento, logo, tudo aquilo que existe de forma individualizada deverá restituir tudo que o Esú Kàrìjèbó devorou. Portanto, cada indivíduo é acompanhado por um Esú individual, seu Esú... O mesmo que permite o nosso nascimento, desenvolvimento uterino e multiplicação, para que possamos cumprir nosso ciclo de existência. Ou seja, quando algo não vai bem, deveremos restituir nossas energias através de oferendas, os “alimentos sagrados do Àsé”, que é um processo de reequilíbrio vital.
Os iniciados no Orìsá tomam èbó sempre e para sempre, pois, manter-se limpo, é o mesmo que estar em sintonia com seu Orìsá, para concebê-los, para darmos ao nosso Orìsá um corpo limpo pra uma manifestação pura e enérgica.
Òrúnmìlá Òjó Ìkú dá, somente Òrúnmìlá muda o dia de nossa morte, com o èbó Ìkú.